Como funciona o processo de coagulação sanguínea?
Quando cortamos um dedo, por exemplo, é natural sentir aquela dor e, logo em seguida, buscar água e um pano limpo para estancar o sangramento. Após alguns instantes, o corte já para de sangrar e, em poucos dias, o machucado cicatriza, a lesão some e nós ficamos novos em folha! O processo responsável por impedir que um sangramento seja excessivo e até perigoso para nossa saúde recebe o nome de coagulação sanguínea. Ele acontece em todo o nosso organismo, independentemente do tamanho da lesão que nós sofremos. Neste post, nós explicamos tudo o que você precisa saber sobre o assunto. Confira!
O que é a coagulação sanguínea?
A coagulação do sangue é um processo biológico muito importante para nossa saúde e segurança, e é considerada uma parte essencial da homeostasia, o conjunto de processos responsável pela interrupção de um sangramento em vasos sanguíneos ou tecidos do nosso organismo.
Após anos de pesquisa sobre os processos de coagulação e os fatores biológicos relacionados a ele, o inglês Macfarlane e os norte-americanos Davie e Ratnoff propuseram simultaneamente, em 1964, o modelo clássico da coagulação sanguínea conhecido como cascata de coagulação. Desde então, tal modelo é utilizado como base para os estudos sobre o tema e também para a compreensão das funções das diferentes substâncias envolvidas na coagulação do nosso sangue.
Como a coagulação acontece?
A homeostasia envolve uma série de eventos complexos que acontecem em cadeia e estão relacionados aos fatores de coagulação – nome dado às proteínas, enzimas e demais elementos envolvidos nesse processo. Ao todo, a homeostasia é dividida em três partes. Acompanhe.
Vasoconstrição
Ao sofrer uma lesão, as paredes de um vaso sanguíneo sofrem vasoconstrição, ou seja, o seu diâmetro diminui para reduzir o fluxo sanguíneo e, consequentemente, minimizar a perda de sangue. Este processo costuma ser mais eficiente em artérias, já que elas têm músculos mais lisos, e é mais eficaz em pequenos sangramentos. Paralelamente, o acúmulo do sangue na parte externa da lesão exerce pressão sobre o vaso lesionado e ajuda a reduzir os riscos de um sangramento ainda maior.
Ação das plaquetas
As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos anucleares presentes na corrente sanguínea, e a sua principal função é atuar na coagulação do sangue. Dessa forma, elas são responsáveis por identificar um vaso sanguíneo ou um tecido lesionado. Rapidamente, elas se ligam às bordas do ferimento, em um processo chamado adesão, e também umas às outras, em um processo que recebe o nome de aglutinação. Nesse momento, é criado um “trombo branco”.
Processo de coagulação
Na sequência, as plaquetas liberam as enzimas tromboplastina ou tromboquinase. Por sua vez, a tromboplastina, na presença de íons de cálcio e da vitamina K, é capaz de promover a conversão da protrombina em trombina, a sua forma ativa. Logo, a trombina transforma o fibrinogênio, uma proteína plasmática solúvel, em fibrina.
Por fim, a fibrina forma uma espécie de rede no local próximo à lesão, retendo hemácias, plaquetas e outros elementos do sangue, originando assim um coágulo. É interessante destacar também que a coloração avermelhada de um coágulo está relacionada à presença das hemácias que se prendem a essa rede de fibrina.
Dessa forma, o coágulo formado é responsável por estancar o sangramento em um vaso sanguíneo ou em um tecido que sofreu lesão. Depois do processo de coagulação, o sangramento é estancado, o organismo se recupera aos poucos, o vaso ou tecido se regenera e o coágulo se desprende naturalmente.
Complicações da coagulação
A coagulação é essencial para o nosso organismo, mas quando esse processo sofre alterações ou grandes variações, podem ocorrer complicações. No caso da formação deficitária de coágulos no organismo, pequenos ferimentos originam uma perda severa de sangue, o que ocasiona graves problemas de saúde. Por outro lado, a formação de coágulos em excesso compromete o fluxo sanguíneo e o faz ser interrompido em pequenos vasos do organismo.
Quando essa situação acontece em vasos cerebrais, por exemplo, causa um acidente vascular cerebral. Por outro lado, quando esse fenômeno acontece nos vasos que levam o sangue ao coração, resulta em um infarto do miocárdio. Ainda, pequenos coágulos formados nas pernas, abdômen ou pelve também podem viajar por todo o corpo e alcançar até mesmo os pulmões, bloqueando grandes artérias e causando embolia pulmonar.
Hemofilia: relação com a coagulação sanguínea
Além dos fatores que nós citamos acima, o processo de coagulação sanguínea também está relacionado ao fator VIII. A síntese dessa proteína, considerada essencial para a criação dos coágulos, está associada a um alelo presente na porção heteróloga do cromossomo X. Portanto, a ausência desse alelo no organismo pode comprometer diretamente a síntese do fator VIII.
Nesse caso, o organismo tem a cascata de coagulação interrompida, e a formação de coágulos, no caso de lesões em vasos sanguíneos ou tecidos, é comprometida. O principal sintoma de pessoas hemofílicas é a hemorragia causada por traumas, sobretudo em regiões musculares, articulares, viscerais e cutaneomucosas, como as gengivas.
Essa condição é uma doença genética que acomete apenas pessoas do sexo masculino, mas as mulheres também podem ser portadoras do gene para hemofilia. É importante destacar que não há tratamento definitivo para pessoas com hemofilia, e a única solução é o cuidado constante com a reposição do fator VIII.
Compreender o processo de coagulação sanguínea é muito importante para os seus estudos sobre fisiologia animal, e também é significativo para conhecer mais sobre os mecanismos biológicos presentes no seu próprio organismo!