Civilizações pré-colombianas: quem foram os incas?
Típicas construções incas em Machu Picchu, Peru.
A civilização Inca se desenvolveu na região da Cordilheira dos Andes, onde, atualmente, estão o Peru, a Colômbia, o Equador, o norte do Chile, o oeste da Bolívia e o noroeste da Argentina. Antes do domínio espanhol, os incas, assim como os maias, civilização sobre a qual já falamos aqui no blog, foram um dos importantes povos que habitaram a América. Acompanhe o texto para saber mais sobre os incas!
Origem e sociedade
De acordo com pesquisas e lendas sobre a origem dos incas, a civilização é descendente de povos que migraram em direção ao vale do rio Huatanay, onde foi fundada a capital Cusco, considerada o mais antigo centro urbano da América do Sul. Ali, 3.399 metros acima do nível do mar, eles começaram a formar um poderoso império, que dominou outras nações nativas do ano de 1200 até 1500 d.C. Aos poucos, a força e o desenvolvimento da civilização Inca levaram o império à ascensão, ocupando ainda mais territórios.
Para garantir o controle das terras, os incas construíram duas estradas que ligavam o norte ao sul do território: uma no litoral e outra nas montanhas. Pelo caminho, existiam guaritas e mensageiros treinados para correr bastante e bem rápido, assim os incas se comunicavam de forma eficiente e sabiam o que acontecia em cada um dos seus domínios.
Na sociedade inca, os bens do Estado, como a terra, e poder de decisão eram de responsabilidade do imperador. Abaixo dele havia seus parentes, nobres e pessoas escolhidas para ocupar cargos importantes, como governadores de províncias, chefes militares, juízes, sacerdotes e sábios. Em seguida, estavam os funcionários públicos e trabalhadores, como ourives, pedreiros e marceneiros. Na base, estavam os agricultores.
Economia
A economia da civilização Inca era baseada no trabalho coletivo. O forte era a agricultura, cujo cultivo era feito principalmente na região montanhosa dos Andes, por meio do sistema de terraços. A produção proveniente da agricultura coletiva era armazenada para sustentar a nobreza, os sacerdotes e os militares, e o excedente era estocado e distribuído em épocas em que havia necessidade.
Para ainda melhores resultados, eram usados recursos de adubação, com esterco de lhama e de passáros, e de irrigação, por meio de tanques e canais. Os incas criavam as lhamas para serem usadas como transporte, e as alpacas e vicunhas para obter carne e lã. Já os povos do litoral viviam da pesca. Para controlar a produção e prestar conta dos impostos recolhidos da população, era usado o quipo, em quechua, que quer dizer “nó”. Esse “nó” era um cordão com vários outros cordões menores, coloridos e pendurados, formando uma franja com vários nós.
Política e cultura
Em seu auge, o império Inca tinha quatro milhões de quilômetros de extensão e uma população de 15 milhões de pessoas, divididas em 200 povos. O idioma era o quéchua e, para todos os povos, foi estabelecido o culto a Inti, o deus Sol. Os imperadores e nobres tinham privilégios, mas todas as pessoas tinham um ofício e deveriam trabalhar para sustentar suas famílias.
A arquitetura e a complexa engenharia dos incas ainda são visíveis nos palácios, nas casas, nos templos, nas estradas e nas pontes, entre outras construções de pedra, como vemos em Machu Picchu, a mais famosa cidadela inca localizada nas montanhas, Choquequirao e Sacsayhuamán. A civilização Inca não tinha um sistema de escrita e transmitia suas ideias e conhecimentos por meio da oralidade e de desenhos. As habilidades artísticas podem ser percebidas nas máscaras e em oferendas, principalmente feitas como obras funerárias.
Religião e deuses
A vida dos incas era muito marcada pela religião, com a adoração de vários deuses associados aos elementos da natureza. Esses deuses recebiam oferendas e, como retorno, os adoradores esperavam chuva, boa colheita e proteção, por exemplo. Em Cusco, foi construído um templo grandioso em homenagem ao deus Sol. Saiba mais sobre os deuses incas:
Viracocha/Wiracocha: deus criador e fundacional, tomou forma humana nas águas do lago Titicaca para dar ordens aos homens sem leis. Ele dividiu o mundo em três níveis, deu função a cada povo e criou plantas e animais. Ao terminar sua missão, foi embora caminhando pelo mar.
Inti/Apu Inti: o deus Sol e “servo” de Viracocha. Os incas pediam a Inti as boas colheitas e o fim das doenças. Mama Quilla era sua irmã e companheira, e juntos eram os pais dos imperadores incas.
Mama Quilla: a lua e principal divindade feminina. Era adorada prioritariamente para assuntos como nascimentos e casamentos.
Pachamama: “pacha” significa terra e “mama”, mãe. Essa deusa pode ser relacionada a uma parte das colheitas ou dos animais que pastavam, demonstrando a existência de reciprocidade com o povo fiel.
Declínio do império Inca
A queda do império Inca começou no final do século XV, quando já enfrentava diversas rebeliões e disputas internas. Após os espanhóis chegarem à América, conquistaram a capital Cusco em 1533. O imperador, Atahualpa, foi morto em uma emboscada liderada por Francisco Pizarro e, após esse episódio, os incas se refugiaram nas montanhas, resistindo até 1572, quando Tupac Amaru, o último líder Inca, foi morto.
A cultura Inca atualmente
Sobretudo no Peru, a cultura Inca continua muito presente na vida da população local, como em festividades, tradições e através da preservação de construções históricas existentes pelo país. Além disso, a história Inca atrai turistas do mundo todo para a América do Sul, que viajam para conhecê-la. Quer saber mais? Confira abaixo!
Machu Picchu: está situada em uma montanha, a 2400 metros de altitude. Foi descoberta apenas em 1911, por um pesquisador norte-americano. Provavelmente, era um santuário religioso dos incas e hoje é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco e uma das sete maravilhas do mundo moderno.
Vale Sagrado: esse local reúne cidades como Sacsayhuamán, Ollantaytambo e Pisac. Lá ainda existem costumes ancestrais, como o sistema de trocas e as mesmas casas de pedras.
Idioma: a língua da civilização Inca era o quéchua, com muitos dialetos. Atualmente, o idioma ainda é usado por quase metade da população do Peru.