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Passos para a boa gestão escolar

Talvez falar de gestão possa parecer algo voltado ao setor empresarial. No entanto, sabe-se que as escolas têm diversas instâncias de gestores: diretores, mantenedores, coordenadores e professores. 

Cada qual cuidando para que a engrenagem da instituição aconteça sem que os estudantes necessariamente notem todo o movimento que existe por trás das provas, semanas educacionais, feiras de ciências e demais atividades escolares. 

Saber administrar recursos, humanos e financeiros, tempo, atenção requer sim prática e habilidade, mas, quando se fala de escola, não existe local melhor para aprender. Infelizmente, quando se fala em gestão escolar, corre-se o risco de construir uma imagem mental de autoritarismo ou do que “é mandado de cima para baixo”. Porém, em tempos de discussão de habilidades do século XXI, por que não voltar os olhares para a criatividade, autogestão e empatia, por exemplo?

Burocracia

Por tratar-se de uma equipe, e em alguns casos, de empresas, as escolas certamente esbarram em diversas burocracias governamentais para que seu negócio de fato aconteça. Não é uma questão de negar a importância das normas e regulamentos, mas existem processos que podem ser bastante desgastantes. Assim, para além da papelada, como a gestão escolar ganha um olhar mais atual?

De acordo com Cláudio Neto, jornalista da Nova Escola, “(…) é preciso romper com a velha dicotomia burocrático versus pedagógico, pois não é possível assumir uma ou outra característica separadamente. O que caracteriza um gestor adequado a nossa realidade atual é a capacidade de articular as dimensões administrativas e pedagógicas na sua prática cotidiana.” – 3 Atitudes do Gestor Inovador, Nova Escola, janeiro 2020

Como organizador das ideias e ciente da visão da instituição, o gestor encaminha e delega diversas tarefas do cotidiano das escolas para que se encontrem as necessidades práticas com as de tempo, recursos e pessoal. Esse diálogo nem sempre é fácil e pode colocar assuntos polêmicos e espinhosos na mesa, mas com a visão de toda a comunidade escolar, resolvem-se problemas de forma mais efetiva e eficiente.

Na sala da direção

A mantenedora e diretora da Escola Pecompê em Santos, SP, Paula Barbato, comemora em 2020, vinte anos de sua instituição. Em meio a turbulências, disrupturas e muito sucesso entre sua comunidade escolar, ela comenta que lidar com aquelas engrenagens da escola é sempre muito delicado. 

Desde pensar em como deixar claros objetivos de aprendizagem dos estudantes até manter o contato com as famílias para que acompanhem o desenvolvimento das crianças, a atenção da gestão está voltada para diferentes e amplos aspectos da escola: a saúde financeira, a infraestrutura adequada para cada faixa-etária, as necessidades e formação dos professores. 

Paula relata ainda que sua porta está sempre aberta e que a relação transparente e profissional, além do comprometimento com a aprendizagem dos estudantes é que faz a escola se consolidar em sua comunidade.

As definições de gestão foram atualizadas

É dado que saber como preencher uma planilha ou entregar um documento na Delegacia de Ensino não são os únicos afazeres do gestor escolar. Como dar passos seguros para uma gestão eficiente e transparente para que todos os atores da instituição se sintam seguros e acolhidos?

Conhecer diferentes estilos de liderança

Compreender qual é a visão de ensino/aprendizagem e quem é o estudante da escola

Saber quem é a sua comunidade

Conhecer diferentes estilos de liderança

A maioria das pessoas já teve chefe na vida e conhece a máxima “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. E embora isso seja verdade, lidar com uma comunidade vibrante e potente como uma escola pede muito mais do que um chefe. Professores e estudantes precisam de um líder. Daquela pessoa acolhedora e inspiradora que, embora se saiba que não há de “passar a mão na cabeça”, acredita no talento daqueles que estão juntos de si. Existem muitos tipos de gestores e de estilos de liderança e isso é amplamente discutido na literatura de Administração. Mas fica o convite para pensar: como posso inspirar meus professores e estudantes hoje? O que eu posso aprender com eles?

Compreender qual é a visão de ensino/aprendizagem e quem é o estudante da escola

Cada escola é um universo completamente diferente um do outro. Embora sua função seja a mesma, o entendimento de como crianças e jovens aprendem e que tipo de adultos se deseja para o futuro modela essa função. Logo, não é possível falar em estudantes críticos se a gestão da escola não permite questionamentos ou se tem um posicionamento fixo, sem justificativas. Tão pouco, se constrói conhecimento e desenvolve e generaliza conceitos a escola que a direção é centralizadora. É vital que a escola se faça e funcione como ela prega que acredita a Educação.

Saber quem é a sua comunidade

Como o sujeito se constitui – também – pelo ambiente no qual vive, a escola desabrocha em lugares diversos do Brasil. Embora sejam claros os princípios ou, pelo menos, exista regulamentação quanto à Educação, seus fazeres e quais bases comuns devem seguir, nenhuma comunidade é igual a outra. E compreender esse público é fundamental para que a escola esteja sintonizada com seus atores. As decisões e trabalhos são muito mais assertivos quando há clareza de quem se comunica e como.

Por fim, gerir uma escola é cuidar de um organismo vivo. Requer tempo, paciência, prática e comprometimento. E o diretor/ mantenedor/ gestor/ coordenador não precisa fazer tudo sozinho – aliás, nem é saudável que o faça. Contar com parceiros e enxergar parceiros dentro de sua comunidade escolar é um passo enorme para que a escola entregue no fim de cada dia o seu principal papel: socializar e democratizar o acesso ao conhecimento!

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