Escolas literárias no Brasil: do naturalismo ao modernismo
Você já conferiu no nosso blog o texto que preparamos sobre as escolas literárias no Brasil, do quinhentismo ao realismo, certo? Agora vamos falar do naturalismo ao modernismo! Lembre-se de que os movimentos literários são divisões com base nas características que as principais obras do período apresentam, bem como o momento histórico em que aconteceram. No Brasil, as escolas literárias podem ser divididas em duas eras: a colonial e a nacional. Saiba mais!
Naturalismo (1881 – 1922)
Esse movimento literário surgiu a partir de influências das teorias científicas no cenário europeu, como evolucionismo e o positivismo, na segunda metade do século 19. O gênero romance é destaque no naturalismo, e o narrador é como um cientista, que observa fenômenos sociais e os descreve. Além disso, discute temas como miséria, violência, política e sexualidade. No naturalismo, o comportamento das pessoas depende do ambiente social em que estão inseridas, e não existe mais a subjetividade valorizada anteriormente no romantismo.
Principais autores: na Europa, a publicação que marcou o início dessa escola foi Germinal, de Émile Zola, em 1881. Já no Brasil, Aluísio Azevedo foi o principal representante do naturalismo, com obras como O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço.
Parnasianismo (1882 – 1922)
A poesia ganha destaque no parnasianismo, que também reage ao sentimentalismo do romantismo. Por isso, há mais formalidade e expressão moderada dos sentimentos, usando um vocabulário culto e de difícil compreensão. Também aparecem racionalismos e assuntos mais universais. Além disso, defendem o fato de que a poesia deve ter valor por si, por sua beleza, e sem uma relação social. Essa escola literária foi fundada na França, no final do século 19, com a publicação de O Parnaso Contemporâneo (Le Parnasse Contemporain), uma antologia poética. Também apareceu na mesma época no Brasil e prolongou-se até a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Principais autores: Alberto de Oliveira, autor de Canções Românticas, Meridionais, e Sonetos e Poemas; e Raimundo Correia, que escreveu Primeiros Sonhos, Sinfonias, e Versos e Versões.
Simbolismo (1880 – 1922)
Surgiu na França, por volta de 1880, e baseava-se teoricamente no Manifesto do Simbolismo, de Jean Moréas. Foi uma reação ao materialismo e ao cientificismo e, de certa forma, retomou os valores do romantismo. Suas principais características são:
- subjetivismo;
- interesse pela mente humana;
- linguagem vaga;
- antimaterialismo;
- misticismo;
- metáforas e sinestesias;
- confusão de sentidos;
- formas fixas para os poemas.
Principais autores: no Brasil, João da Cruz e Souza, autor de obras como Missal e Broquéis; Alphonsus de Guimaraens, autor de Setenário das Dores de Nossa Senhora, Câmara Ardente e Dona Mística. Na França, os principais representantes são os autores Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. Já em Portugal, são Eugênio de Castro, Antônio Nobre e Camilo Pessanha.
Pré-modernismo (1902-1922)
O movimento literário pré-modernista não é considerado uma “escola” para algumas vertentes da literatura, por não ter tido uma única linha seguida por um grupo de autores. Caracterizado por abordar os problemas sociais e a cultura do Brasil, desenvolveu-se no período de transição da República da Espada para a República das Oligarquias, ou República do Café com Leite. Os autores tiveram uma postura crítica em relação às desigualdades e aos problemas sociais e políticos. A estética é deixada para trás, mas ainda há a presença da linguagem formal.
Principais autores: Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, Graça Aranha, com Canaã, Lima Barreto, com O Triste Fim de Policarpo Quaresma e Monteiro Lobato, autor de Cidades Mortas.
Modernismo
O modernismo surgiu no Brasil a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. O movimento modernista apareceu em Portugal em 1915, com a publicação da Revista Orpheu. Esse período, no Brasil, é dividido em três gerações:
Primeira Geração (1922 a 1930):caracteriza-se por romper com as estruturas do passado. Distancia-se do parnasianismo, movimento literário ironizado em poemas como Os Sapos, de Manuel Bandeira. Os principais autores da primeira geração do modernismo são Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em Portugal, destaca-se Fernando Pessoa, que criou três heterônimos, com diferentes estilos de escrita: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Segunda Geração (1930 a 1945):aqui, o modernismo já tem as ideias de 1922 mais maduras. As poesias são temáticas, e alguns autores, como Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes, se destacam.
Os romances regionalistas predominam na prosa e focam em temas sociais, com linguagem coloquial e regional, como em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e em Capitães de Areia, um dos romances mais famosos de Jorge Amado.
Terceira Geração (1945 a 1960): é a geração na qual o movimento possui várias tendências literárias ao mesmo tempo. Clarice Lispector é autora de destaque, com histórias que relatam o cotidiano e com momentos de revelação de protagonistas femininas. João Guimarães Rosa também ganha destaque, além de João Cabral de Melo Neto. Os dois são autores de obras com traços regionalistas e que fazem uma crítica social com a poesia e a prosa juntas.