Quais são os heterônimos de Fernando Pessoa?
O escritor Fernando Pessoa é hoje um dos principais nomes da literatura portuguesa. Pessoa ficou famoso por criar diversos heterônimos, ou seja, o autor criou e assumiu outras personalidades literárias para assinar diferentes obras. Assim, cada um deles possui sua biografia e seu próprio estilo. Três deles eram mais usados pelo poeta: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Há também Bernardo Soares, considerado um semi-heterônimo, pois esse tinha características bem parecidas com as do próprio Fernando Pessoa. Quer saber mais sobre cada uma dessas personalidades usadas pelo escritor? Acompanhe o texto!
Fernando Pessoa
O escritor português nasceu em 13 de junho de 1888, em Lisboa, e aos 5 anos ficou órfão de pai. Sua mãe, então, casou-se com um militar, um cônsul da África do Sul, lugar onde Fernando Pessoa deu início aos seus estudos. Voltou para Portugal aos 17 anos, onde morou até seu falecimento, em 1935. Sua literatura modernista foi destaque por suas poesias ortônimas e pela criação dos heterônimos – poetas talentosos e dotados de personalidades particulares.
Alberto Caeiro
Segundo Fernando Pessoa, Alberto Caeiro foi o desencadeador de seu processo poético. Era um camponês sem estudos, mas classificado como um mestre por Pessoa e por todos os outros heterônimos. Tinha um estilo direto e simples, mas de compreensão complexa. Além disso, ele colocava suas reflexões nas poesias, já que não achava possível falar sobre a realidade nas prosas. Caeiro acreditava que mais importante que pensar, era sentir. Em suas obras, demonstra o seu gosto pela natureza na simplicidade das palavras e o seu conhecimento na experiência sensorial. Um dos seus escritos mais conhecidos é “O Guardador de Rebanhos”, constituído de 49 poemas.
Álvaro de Campos
Nascido em 1890, em Tavira, Portugal, Álvaro de Campos era formado em Engenharia, na Escócia, mas não exerceu a profissão. Considerado o alter ego de Fernando Pessoa, foi educado em inglês e sente-se sempre como um estrangeiro. Esse escritor dá valor à modernidade e é pessimista, já que sente a angústia do presente, mesmo tento gosto pelo progresso. Há três fases em seu estilo: a decadentista, a progressista e a pessimista.
No começo de sua literatura, de linguagem mais livre, estava mais próximo ao simbolismo; em seguida se aproximou do futurismo; e depois adquiriu uma visão niilista em suas obras. Na primeira fase, o tédio e a busca por experiências diferentes marcam a sua escrita; na segunda, aparece o otimismo pela civilização; e na terceira e última, é pessimista. Parecido com Álvaro, há o semi-heterônimo, Bernardo Soares, que, por sua vez, é bem próximo de Fernando Pessoa. Segundo Pessoa, porém, Bernardo Soares tem parte de sua personalidade.
Ricardo Reis
Nasceu em Porto, no ano de 1887. Ricardo estudou medicina e veio ao Brasil em 1919, após Portugal se tornar república, já que ele era monarquista. Valorizando a simplicidade, considera a modernidade decadente. Sua escrita possui uma linguagem clássica e um vocabulário erudito. Seus textos foram publicados em duas revistas: “Athena” e “Presença”.
Reis acreditava na doutrina do epicurismo, que trata da busca da tranquilidade, de evitar a dor, aproveitar a vida e não ter medo da morte; e também no estoicismo, que crê na razão como superior à paixão e na aceitação dos limites. Baseado nesse heterônimo, o autor português José Saramago escreveu o livro “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, já que Pessoa não definiu a data de morte desse personagem-poeta.
Outras personalidades
Alguns dos textos de Fernando Pessoa eram escritos em inglês e assinados por outros heterônimos, como Alexander Search e Charles Robert Anon. Há também Jean Seul, o solitário ensaísta francês. Outros heterônimos do escritor eram tradutores e escritores de contos, e havia um crítico literário inglês, um astrólogo, um filósofo, um frade e um nobre infeliz. Também havia uma mulher, corcunda e com tuberculose, chamada Maria José. Era apaixonada por um serralheiro que passava pela sua janela.